O papel e o espaço do pai.



Li este texto de Quintino Aires e reforcei as minhas convicções. Homem e mulher tem papéis muito importantes dentro da família, mas cada qual com o seu e há que desempenhá-lo com responsabilidade, pelo bem da família e do futuro dos nossos filhos. Partilho convosco o texto:


" Vai já longe o tempo em que os cuidados ao bebé eram entregues apenas à mulher.

As sociedades evoluem, os hábitos mudam, e felizmente que o espaço reservado aos pais já não é o futebol ou o café, para longas conversas com os amigos. A reformulação da dinâmica familiar é, sem dúvida, uma das mais significativas mudanças que o século XX nos legou. Mas quando surgem mudanças, naturalmente aparecem dificuldades.

O ser humano orienta muito do seu comportamento pelos guiões culturais que observa, por isso após uma mudança, porque faltam esses guiões, muitas vezes os atores do palco da vida real sentem-se um pouco perdidos. E se hoje os pais já não esperam que o filho ande e fale para só então se dirigirem a ele, muito pelo contrário, hoje começa a ser mais comum ver na rua os bebés ao colo dos pais do que ao colo das mães, a verdade é que esta vontade de apagar um passado que naturalmente quase nunca trazia bons resultados, saltou do oito para o oitenta, gerando agora outros problemas, ou pelo menos dinâmicas ainda não idealmente funcionantes. É verdade que o ideal é apenas uma orientação, mas se nos pudermos aproximar um pouco mais dessa referencia-orientação, estou convencido que todos ganharemos.
Os pais já não estão à margem da educação dos filhos, e integram-se desde os primeiros dias. Mas será a biologia compatível com uma mudança tão radical? Tenho as minhas dúvidas. E as minhas questões começam logo com a impreparação do bebé para, já nos primeiros meses, estabelecer vínculos emocionais com mais do que uma pessoa. O mundo é ainda uma enorme confusão, que felizmente quase não atende, pois de contrário entraria sistematicamente em stress, já que o córtex cerebral do bebé não consegue processar ainda uma tão grande quantidade de informação. Por isso a natureza equipou o bebé humano com um padrão fixo de ação, aquilo que há muitos anos se chamava instinto, para que ele se vincule rapidamente a um humano.

A mulher está especialmente preparada para, mesmo sem disso ter consciência, se engajar nesse mecanismo relacional de descoberta do mundo e de si próprio; embora, claro, na falta de uma mãe biológica outro humano adulto possa desempenhar essa nobre tarefa. Mas o bebé é apenas capaz de formar um vínculo com um outro humano. Apenas um. Pelo menos nesta fase inicial. Claro que esta limitação biológica não dispensa o pai da sua presença em casa; mas talvez seja necessário um melhor entendimento de qual o seu papel, de modo a não perturbar a edificação psicológica que então se inicia. Dois adultos são demais para a vinculação inicial do bebé, e portanto, apenas um dos dois se deve organizar para uma maior disponibilidade para o bebé, pelo menos nestas primeiras semanas e até meses. Não necessariamente a mãe, mas aquele que se sentir mais disponível para essa tarefa, e também num casal de duas mulheres ou de dois homens, essa deve ser a regra. Mas surge a questão sobre qual o papel do segundo adulto do casal? A resposta pode ser dada de forma imediata: suporte emocional e físico ao adulto que está a formar o primeiro vínculo com o bebé. Cuidar de um bebé é, não apenas física mas também emocionalmente, extremamente desgastante, e este suporte é absolutamente fundamental para que o cuidador do primeiro vínculo continue capaz para desempenhar a sua função."

Texto produzido por: Dr. Quintino Aires





7 comentários:

  1. Ignorava que o bebé fosse capaz de se vincular apenas com uma pessoa!Mas também não vou levar isso muito a sério, porque o que se diz hoje, desdisse amanhã. No entanto, sim, no todo concordo, normalmente o pai apoia a mãe.
    Outro ponto que me leva a acrescentar algo é sobre o facto do pai estar muito mais presente do que antes; acontece também que nunca como antes tantas mulheres estão sozinhas a criar os filhos; seja por opção, seja porque os pais de afastam.

    Beijinhos, Patrícia.

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    1. Pois, eu também tenho esta ideia das opiniões dos psicólogos e estudiosos comportamentais, o que eles dão hoje como certo, amanhã fazem um novo estudo e tiram novas conclusões.
      Mas gosto de leituras deste tipo, é bom para reforçar as nossas próprias opiniões.

      Ao ler este texto lembrei-me da referência que me fizeste aos filhos que se apegam aos pais quando as mães estão ausentes, lembra??

      É facto que estamos a pagar caro pela ausência da mulher no comando da família em casa, mas acho este texto um pouco feminista talvez, pai e mãe são figuras essências para o desenvolvimento harmonioso dos nossos filhos, cada qual com o seu papel. Meus filhos quando eram bebés, reconheciam o pai pela voz e era visível a euforia deles.

      Beijinho grande.

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  2. Gostei muito de ler o texto. Concordo em parte. Mas em minha casa a mãe sou eu...ele é só o pai!

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    1. Estes textos são ótimos para percebermos a teoria, na prática as coisas "muitas" vezes não são como os psicólogos dizem, mas se garimparmos uma ideia aqui e outra acolá recolhemos informações interessantes.

      Por cá somos os dois muito importantes para eles e eles demonstram isso na perfeição :)

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  3. Olá minha querida:)

    Este tema é delicado para mim porque infelizmente meu filho foi criado sem pai e hoje reconheço que lhe fez falta apesar de todos os esforços que fiz para ele não o sentir. Sentiu falta do pai mas não do dele porque o pai dele nunca o soube ser mas sim de um pai que o amasse, educasse e estivesse sempre presente em todos os momentos da sua vida. Fez muita falta! Sei que o meu filho está na idade complicada (17 anos) e que isto passa mas acho que com a presença de um pai na sua infância e inicio de juventude esta fase não seria tão difícil.
    Por isso digo que o papel de pai é tão importante como o da mãe:)

    *Gostei do novo look do teu Lar:):):)

    Beijinhos

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